SERÁ QUE EU TENHO LEITE SUFICIENTE PARA ALIMENTAR MEU FILHO?
É de conhecimento geral que todas as mães são capazes de amamentar, sendo raríssimas as exceções.
Então o que faz com que muitas mães duvidem da sua suficiência láctea para prover seu bebê de alimento? A natureza capacita a mulher para amamentar como um ato de sobrevivência para a espécie humana. Mesmo assim ela duvida. Duvida que seu peito tenha leite se ele não está todo pleno por ocasião do nascimento do bebê. Duvida se não vê aquele líquido branquinho jorrando e da qualidade do colostro. Duvida se o bebê permanecer chorando após a mamada, esquecendo que o bebê pode chorar por diversas outras razões. Duvida porque não consegue ver pra crer o quanto o bebê sugou.
O esclarecimento quanto à descida do leite é muito importante sim, e se não for suficiente para que a mãe se sinta segura pode levá-la (pressionada pela família) a se precipitar e querer alimentar o filho com leite complementar.
Para muitas mães o choro do bebê traz tanta angústia que seu desejo imediato é aplacar a fome do bebê o mais rápido possível. E se a família por perto não estiver esclarecida quanto à qualidade do colostro ou à descida do leite, ela não se sentirá segura e determinada o bastante para fazer suas tentativas.
Histórias de insucesso no aleitamento das mulheres da família (avó, mãe e irmã) também podem levar à crença errônea de incapacidade da mãe para amamentar.
São diversos os motivos que podem levar uma mãe a não amamentar seu filho: problemas na mama (“empedramento”, fissuras no bico, mastite – que podem ser evitados se a mãe for bem orientada), tensão psicológica, depressão pós-parto, pressão familiar, falta de orientação e informação, conflitos inconscientes e tantos outros que não seria possível descrever aqui.
O apoio da família é fundamental porque toda a situação da gestação, do parto e do aleitamento mobiliza muito emocionalmente a mulher, pondo em questão suas construções inconscientes. Além de tudo isso ela ainda precisa se sentir capaz de cuidar do filho e ter alguém que a ajude nos afazeres domésticos para que ela disponha de tempo e tranquilidade para amamentar.
Este apoio é para que a mulher sinta-se bem, descansada, alimentada física e emocionalmente. E tudo isso funciona como incentivo ao aleitamento que requer muita disposição, desejo, disponibilidade, tempo e paciência, requisitos que não encontramos disponíveis no mercado, mas no apoio familiar.
O estado emocional, pensamentos e desejo materno têm forte influência na liberação do hormônio responsável pela ejeção do leite, a ocitocina (além do leite ser produzido ele precisa ser ejetado). Além da estimulação pela sucção, a mãe pode produzir este hormônio somente em ouvir o choro, sentir o filho nos braços, olhar com carinho para ele. Por esta razão ela sente a mama contrair quando é chegada a hora de amamentar. Se a mãe não está bem, este reflexo de ejeção do leite pode ser inibido, se ela está confiante na sua capacidade de amamentar, o leite descerá sem dificuldades. As contrações sentidas no útero enquanto o bebê suga também sinalizam a liberação da ocitocina, faz com que ele reduza de tamanho e diminua o risco de hemorragia no pós-parto. A liberação deste hormônio é que dá a mãe a sensação de prazer na relação com o bebê.
“A ocitocina é o hormônio de todas as ejeções, ejeção do esperma, ejeção do bebê, ejeção do leite, é também um hormônio gerador de prazer e tímido, por isso, os profissionais recomendam amamentar em um lugar tranquilo. Os animais se escondem para parir exatamente porque a ocitocina não é liberada com tanta facilidade como pensamos” – lembra bem Fabíola Costa, especialista em amamentação.
Por tudo isso, a amamentação deve ser entendida como um composto bio-psico-social, e as campanhas para sua promoção não devem visar somente à mulher, mas também à comunidade mais próxima a ela.